ATA DA QUADRAGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 28-9-2000.

 


Aos vinte e oito dias do mês de setembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Nelson Heller, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 107/00 (Processo nº 1602/00), de autoria do Vereador Nereu D’Avila. Compuseram a MESA: o Vereador Paulo Brum, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Giselda Camargo, representante do Senhor Secretário Estadual do Turismo; os ex-Deputados Solano Borges, Airton Vargas, Porfírio Peixoto, Loris Reale e Elton Fensterseifer; o Senhor Nelson Heller, Homenageado; o Vereador Nereu D’Avila, 1º Secretário deste Legislativo. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D’Avila, em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PSDB, PMDB, PSB, PFL e PPS, historiou dados atinentes à vida pessoal e profissional do Homenageado, destacando sua qualificação profissional na área médica e o sentimento de solidariedade que cultiva pelo próximo. Também, referiu-se ao entusiasmo do Senhor Nelson Heller pelas práticas esportivas e exaltou a iniciativa de Sua Senhoria em fundar e manter em atividade o Porto Alegre Futebol Clube. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, referiu-se à amizade existente entre Sua Excelência e o Homenageado, salientando o reconhecimento da comunidade científica internacional ao trabalho desenvolvido por Sua Senhoria, obtido através da sua dedicação à área da cirurgia plástica. Ainda, reportou-se aos investimentos feitos pelo Senhor Nelson Heller na criação e manutenção do Porto Alegre Futebol Clube. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor Luiz Eurico Laranja Valandro, do Grupo Hospitalar Conceição, do Poeta Luiz Coronel, do Senhor Raul Moreau e de amigos do Homenageado. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Vereador Nereu D’Avila a proceder à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Nelson Heller e, após, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Nereu D’Avila. Do que eu, Nereu D’Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dr. Nelson Heller com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre.

Convidamos, para compor a Mesa, o nosso homenageado Dr. Nelson Heller; a representante do Secretário de Turismo do Estado, Sr.ª Giselda Camargo; o ex-Deputado Solano Borges; o ex-Deputado Airton Vargas; o ex-Deputado Porfírio Peixoto; o ex-Deputado Loris Reale.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PSDB, PMDB, PSB, PFL e do PPS.

 

O SR. NEREU D´AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para mim foi um privilégio, senão uma honra, ter obtido, dos meus colegas, por unanimidade, o Título de Cidadão de Porto Alegre ao consagrado Cirurgião Plástico Nelson Heller. Muitos motivos teriam ensejado esse ato: uma amizade muito antiga, laços estreitos de funcionalidade, de outras épocas, e até mesmo, e principalmente, se fosse o caso, o seu imenso cabedal de serviços prestados àquilo que é o mais importante da nossa natureza humana, que é a convivência pacífica e feliz conosco mesmos, porque a especialização em que o Dr. Nelson Heller tornou-se uma notoriedade, no campo da estética, do belo, da arte, é algo que muito admiramos. Embora veladamente, sem dúvida a primeira conseqüência é a auto-estima da pessoa, é ser feliz consigo mesma. As pessoas que têm, ao verificar-se ao espelho, um problema, mesmo que os seus familiares, os seus amigos ou as pessoas com as quais convivem não o apontem, no íntimo não são totalmente seguras e felizes. Portanto, o bisturi, a transformação, a correção de qualquer dessas circunstâncias, torna a pessoa feliz. E para que existam condições favoráveis na vida profissional, na vida familiar, na vida societária, há que sermos felizes conosco mesmos.

Então, esse, somente esse já seria motivo para que se outorgasse a Nelson Heller esta concessão do Título de Cidadão de Porto Alegre. Mas, não é por aí, essas seriam circunstâncias subjetivas. Segundo a lei existente aqui na Câmara, para que alguém receba tal titulação, em primeiro lugar não deve ser nascido em Porto Alegre, e, em segundo lugar, deve ter relevantes serviços prestados à comunidade, ou ter-se destacado em algum campo do conhecimento humano. Aí enquadra-se também o perfil do cidadão Nelson Heller, cujo imenso currículo no campo científico torna-o uma das personalidades brasileiras mais conhecidas e citadas nos congressos internacionais no campo da estética. Só para dar uma rápida visão da eloqüência do alcance do seu currículo, ele fez curso de extensão universitária em Munique, Alemanha, sob a chefia da Prof.ª Ursula Schimidt Tintmann e dos Professores Edgar Biemer e Wolfang em 1978 e 1979; curso de Especialização em Cirurgia Estética e Funcional do Nariz, com o Prof. Klaus Walter, no Hospital de Dusseldorf, na Alemanha, também em 1979; curso de Especialização em Cirurgia Estética e Funcional do Nariz, no Serviço de Cirurgia Plástica do Prof. Rodolphe Meyer, em Lausanne, na Suíça, em 1980.

Além disso - e aí insere-se a questão da procedência legal da outorga do título ao homenageado - a sua inserção no contexto da nossa comunidade, porque essa inserção coloca em outros campos a colaboração e o trabalho prestado a esta comunidade pelo Dr. Nelson Heller. Basta dizer, e até para diversificar, que ele sempre colaborou, inicialmente na sua terra natal, Roca Sales, com o esporte. E agora, recentemente, criou um clube de futebol para menores em Porto Alegre, o Porto Alegre Futebol Clube, cuja fundação foi um sucesso. O Clube já está em pleno funcionamento, oportunizando a jovens, principalmente jovens da periferia, a possibilidade de alcançar o sucesso por meio de mais um clube de esportes na nossa Cidade. Sabemos que o futebol é uma das paixões dos brasileiros, visto que ficamos todos decepcionados e a mídia indignada com a eliminação da nossa seleção nas Olimpíadas de Sidney. A diversificação da colaboração, da inserção do Dr. Heller na comunidade é importantíssima, quer no campo científico ou no campo da estética, que é, talvez, das mais difíceis. Uma vez ele me disse que não é somente recolocar ou arrumar um nariz; há que inseri-lo no conjunto do rosto e da própria personalidade daquele que quer a modificação do nariz. Então, o conhecimento dificílimo nesse campo parece divergente de criar-se também um clube de futebol. Mas as duas questões atingem o mesmo alvo, que é o âmago daquilo que a pessoa humana gosta, pratica e prefere.

Por isso, os nossos colegas, como disse muito bem o nosso 1º Vice-Presidente, Ver. Paulo Brum, por unanimidade, aprovaram o título para que Nelson Heller seja o novo Cidadão de Porto Alegre. Eu queria acrescentar que enganam-se aqueles que acham que a medida da grandeza dos homens está ou situa-se na vida que ele leva, seja uma vida obscura ou brilhante. Não, a grandeza dos homens se mede pelos atos que eles praticam, pelas idéias que difundem e sentimentos que comunicam aos seus semelhantes.

Os atos que o Nelson Heller pratica, as idéias que difunde no contexto da nossa comunidade e os sentimentos que cultiva fazem com que ele seja uma das expressões máximas e de orgulho de nós, porto-alegrenses.

Por isto que esta Casa, que deve ser, é e continuará sendo, a partir de 1º de outubro, pela vontade dos nossos concidadãos e nossas concidadãs, o tambor de repercussão de tudo o que ocorre nesta Cidade muito leal e valorosa.

Quando se lê nos jornais que na Cidade do Rio de Janeiro, no mês de agosto, de vinte e seis Sessões da Câmara de Vereadores daquela cidade, em apenas seis houve quórum dos Vereadores locais, entristece a todos os brasileiros, desencanta o nosso povo, faz com que ele fique até indignado com certas atitudes afrontosas ao trabalho de muitos, de sol a sol, para ganhar muito pouco.

Agora, aqui nesta Casa, sem ser corporativista, porque não precisamos disso - principalmente eu -, ainda ontem, a quatro dias das eleições, o Ver. João Dib registrava em Questão de Ordem, às 17h, no painel eletrônico, a presença de vinte e seis Vereadores presentes, dos trinta e três. Ou seja, com todos os nossos defeitos, porque os temos, pois pertencemos à natureza humana e, sendo assim, todos têm defeitos; é claro, também virtudes; mas, com todos os nossos defeitos, pelo menos, nós não traímos a confiança dos porto-alegrenses, de uma maneira geral, guardadas as exceções para confirmar a regra.

Nelson Heller, é com muito prazer e muita honra que nós te oferecemos, os trinta e três Vereadores da Casa, o Título de Cidadão de Porto Alegre. Não preciso dizer que para todos os teus amigos, os teus fãs, os teus admiradores, os teus familiares, enfim, toda essa grande família que veio prestigiar este ato, tu saberás honrar este título que te torna, saído lá de Roca Sales - eu conheço Roca Sales, ao lado do rio Taquari - para o mundo - urbi et orbe - Cidadão Honorário de Porto Alegre. O povo do Alto Taquari também está feliz. E nós, que representamos, com muita honra, esta Cidade politizada de Porto Alegre, também nos sentimos felizes, porque temos a certeza que estamos concedendo um título a quem realmente o merece.

Recebe, de nossa parte, os parabéns pela outorga do Título. Nós já sabíamos, antecipadamente, que este seria apenas um ato formal, porque, na realidade, tu já és um cidadão honorário de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós queremos convidar, para fazer parte da Mesa, o sempre Deputado Elton Fensterseifer, da nossa querida Roca Sales, cidade onde eu, Ver. Nereu D’Avila, tive a felicidade de viver toda a minha infância - muito eu pesquei no rio Taquari. Portanto, é um momento de satisfação esta homenagem que V. Ex.ª propicia à Casa do Povo de Porto Alegre, ao outorgar o Título de Cidadão de Porto Alegre ao nosso querido roca-salense, Dr. Nelson Heller.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra e falará em nome do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Dr. Nei Moura, Procurador da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, a quem devo grande parte de minha vida política.

Nós não deixamos que o Ver. Nereu D’Avila açambarcasse todas as bancadas e, ditatorialmente, por um decreto, viesse falar aqui. Então, estou eu aqui para contrariá-lo. Evidentemente, esta Sessão, não tem qualquer coisa a ver com nariz. V. Ex.ª não tem nenhuma esperança de me operar o nariz, não é? Quem poderia prever que um jovem nascido lá por Roca Sales se transformasse nessa personalidade científica hoje homenageada? Quem poderia prever isso?

O Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre, só é permitido um  a cada Vereador, por ano. Nelson Heller, inconformado com as coisas previstas, rebelde na sua concepção de vida como ela é, que eternizou Nelson Rodrigues e até mudou um editorial do jornal, quando ele estreava. Chega aqui no palco deste Plenário para receber, por iniciativa do nosso colega Nereu D'Avila, seu amigo, esse título, como reconhecimento social e político da Cidade de Porto Alegre. O título que hoje recebe, Cidadão Honorário de Porto Alegre é alguma coisa muito dignificante. Anos atrás, esse "potro bravio mastigando o freio", arremetia, inicialmente, na área da Odontologia, lá por 64, se não me engano. Mas a sua vida tem nexo, a sua preferência era a cabeça. Pois lá pelos idos de 65 vamos surpreendê-lo já na Universidade de Medicina do Rio Grande do Sul ingressando, então, nesse ramo, sob orientação do Dr. Ivo Kur - meu conhecido e amigo -, do Luiz Osório, também, pessoas da minha geração, homens médicos de fama, conhecidos em todo o Brasil. Já lá por 71, 72 ele se embrenhava na otorrinolaringologia e oftamologia, ensaiava-se por aí. Esboçava, então, sua predileção pela cabeça. Como psicólogo reconheço que só nos realizamos plenamente quando encontramos nossas aptidões, as tendências dentro da profissão preferencial. Por isso há tantos desajustados. As aptidões, pelos motivos mais desencontrados, às vezes, não estão a serviço da profissão que o indivíduo abraça por necessidade. Fora daí, permanecemos como cegos, desorientados, alimentando aptidões que não é a nossa preferida, e se adotamos ela, e não é a preferencial pelos solavancos da vida não logramos desenvolver nossas aptidões, pois uma abrange a outra, só assim explodiu o Dr. Nelson Heller, amigo de tantos anos. Na Assembléia Legislativa, em seu corpo médico, várias vezes me atendendo durante as incansáveis refregas de Plenário, nos tempos idos e gloriosos da ARENA e do MDB, cujo elenco de Deputados estão representados aqui, agora, Solano Borges, Airton Vargas, Porfírio Peixoto, Loris Reale, Elton Fensterseifer, e eram peleias as mais renhidas, que levavam os Deputados da época ao consultório médico.

Pois foi esse ciclone, esse tornado científico, que havia tomado direção e crescia grave fazendo ciência, cirurgia plástica, cabeça, nariz, pescoço, realizando viagens, cursos na Alemanha, na Suíça, Escócia, na América, na Espanha, na Áustria, sob orientação dos mais renomados mestres, não parava. É um ciclone este homem, quem conhece ele sabe, pega ele, ele está trepidando. Buscava, sim, se aperfeiçoar com a voracidade que orna a sua personalidade, a sua fome de saber, esse tufão científico. Não parou, seus congressos que ele também dirige e realiza primam pela organização. Já é famoso até na Europa . -  “Quem  faz  esse  Congresso?” -  “O Dr. Nelson Heller.”  - “Dá para ir.” Os cientistas mais renomados vêm, porque ele é o organizador, tem ordem, hierarquia, disciplina. Ele sempre se dedica a esse saber, a essa prática em prol da humanidade, é uma obsessão que ele tem.

Este homem como rapaz, havia-se empregado, ao chegar de Roca Sales, como montador de bicicletas, assim como Carlitos, lá na Mesbla; funcionário de banco, um humilde servente da Secretaria da Agricultura, da Saúde; um dia foi auxiliar de portaria da Assembléia.

É esse o homenageado de hoje. Sua resenha, seu roteiro de vida no País e no estrangeiro não vou ler. Meu colega Nereu D’Avila teve essa mesma cautela; é muito vasto. Esse bólido intelectual, esse potro bravio amante da cirurgia plástica, da cirurgia de detalhes, esse ourives de faces, esse escultor de imagens que influenciam psicologicamente a humanidade - e por que não dizer? - chega hoje ao pódio científico e inverte algo que não entendo: fez-se Presidente do Porto Alegre Futebol Clube! Combina? Não sei. E, com o entusiasmo de guri que o caracteriza, sonha - já o entrevistei na televisão, lembra-se? - por essa loucura, pretende arremeter para novas vitórias! Só na cabeça do Dr. Heller é que podemos pinçar os planos que ele tem. Eu não sei. Esse clube que ele fez em homenagem a este orador, ele fundou no dia 25 de maio, Dia da Infantaria. Sabia? Quem sabe o Brasil, tão despido de nacionalismo, não vai buscar nesse fracasso das Olimpíadas de Sidney o exemplo dos entusiasmo, do ardor demonstrado pelo esporte, sem intenções? Quais são as intenções de um médico vitorioso recebendo o título cheio de medalhas da ciência médica, fundar um time de futebol? Não combina. Ele é um modificador de detalhes. Vamos segui-lo, interpretá-lo em mais esta investida: um médico técnico de futebol. Faz sentido, como diz o Chico Anísio? Não sei. Em busca do quê? Também não sei. Mas tenho uma certeza: ele será vitorioso, porque é um bólido. Ele armazena energias. Alguma coisa vai suceder. Será uma obra na região dos afetos humanos, de gente simples, aliás, nas mais simples idealizações e aspirações do brasileiro, o seu futebol.

Há três dias ele teve a grande decepção no vôlei e no futebol, de ver as suas duas equipes vencidas. Quem sabe, Dr. Heller, não está aí uma resposta para o futuro. Vá embora, parta, vá em frente, prossiga. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Dr. Nelson, as nossas Relações Públicas queriam nominar as autoridades aqui presentes, mas todos fizeram questão de dizer que estão aqui como seus amigos. Estamos visualizando diversas autoridades da área médica, Dr. Valandro, do Grupo Hospitalar Conceição; o nosso poeta, também Cidadão de Porto Alegre, Luiz Coronel, enfim, todos os seus amigos que estão aqui para prestar esta singela homenagem.

Convidamos o Ver. Nereu D’Avila a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Nelson Heller.

 

(Procede-se à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Sr. Nelson Heller, o mais novo Cidadão porto-alegrense, está com a palavra.

 

O SR. NELSON HELLER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, gostaria de agradecer a presença e as palavras do Vice-Presidente, nosso grande amigo, de longa data, Ver. Paulo Brum; gostaria de agradecer a presença da Giselda Camargo, representante do Secretário de Turismo do Estado, nossa ex-secretária, que deixou saudades na Clínica, uma pessoa exemplar, que hoje é o braço direito do nosso Secretario de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul. Ficamos com muito pesar com a saída da Giselda, porque ela era o nosso braço direito e deixou muitas saudades.

Realmente, estou hoje muito emocionado com a presença de tantas pessoas amigas, como por exemplo, meu querido ex-Presidente Solano Borges, nosso grande amigo, que era Presidente da Casa quando entramos na Assembléia Legislativa, quando o Dr. Sirangelo era Diretor-Geral da Assembléia. É uma satisfação muito grande contar a presença de um indivíduo tão espetacular como ele nos prestigiando nesta homenagem, uma pessoa com grande significado para a política do Estado do Rio Grande do Sul e para nós em particular.

Nosso querido amigo Airton Vargas, nosso grande amigo de tantas convivências bonitas, tantos momentos lindos que tivemos juntos na Casa; eu, seu Supervisor, na Assembléia Legislativa; foi muita honra, muito prazer trabalhar com ele.

Nosso grande amigo Porfílio Peixoto, que tem-nos prestigiado, na Casa, um grande amigo, também fora da Assembléia Legislativa, nosso amigo particular.

Grande amigo, grande companheiro, Loris Reale, realmente não tenho palavras, é uma pessoa espetacular sob todos os aspectos, meu amigo.

O Elton Fensterseifer, hoje roca-salense, além de ser nosso amigo, grande parlamentar, roca-salense, conterrâneo, é o técnico que escolhi quando formei um time. Nós disputamos, por Roca Sales o Concórdia Roca Sales, chegando como quarto colocado. Quando estivemos na disputa do campeonato, vendo o primeiro lugar em Camaquã, a primeira pessoa para quem telefonamos, após o convite do Presidente da Federação Gaúcha para pensar em formar um time em Porto Alegre, nós telefonamos para a casa dele: - “Se o Elton aceitar, eu faço.” Não foi bem assim e o Elton topou de cara: - “Não, eu, contigo, vou sempre!” Quer dizer, uma pessoa realmente incansável, uma pessoa que é o braço direito dentro do time, eu não sei onde vai o time, mas sei que o time vai longe, o time com o Elton vai longe, porque ele é nosso braço direito ali dentro e é uma pessoa qualificada e muito capaz. (Palmas.)

Mas eu também gostaria de falar, hoje, sobre a presença, aqui, dos grande amigos, não poderia citar todos, Dr. Estima, Nilton Herter, todos esses amigos, Matzembach, nosso colega, o Mauro, Dr. Antônio Estima, enfim, todas essas pessoas; o Presidente da nossa Igreja, o Bispo da nossa Igreja Luterana do Brasil, Dr. Huberto Kirchen. Também o Pastor da nossa Igreja que hoje é um dos indivíduos que dá assistência as pessoas no Hospital Moinhos de Ventos, indivíduo com uma grande formação, nosso grande amigo, nosso irmão, nós estamos juntos, muitos anos em São Leopoldo; eu tenho prazer em tê-los aqui. Hoje, o pessoal de Roca Sales lotou um ônibus e, às 17h, nós tivemos um coquetel na nossa clínica, inclusive com uma pianista, a Dóris. Nós oferecemos um coquetel ao pessoal de Roca Sales, eles vieram e saíram de lá para estarem presentes nesta homenagem, uma coisa que muito nos tocou. Parabéns ao pessoal de Roca Sales! (Palmas.)

Senhores e senhoras, queridos amigos e amigas que aqui se encontram, é uma alegria, uma emoção e uma honra poder estar recebendo este Título Honorífico em Sessão Solene pela Câmara Municipal da nossa amada Porto Alegre, uma proposição do ilustre Ver. Nereu D’Avila. Esta homenagem reveste-se de um significado que, somado à dimensão do reconhecimento, torna-se por demais gratificante a este homenageado. Envolve um projeto de vida para quem abraça a profissão que escolhi. Por isso, recebo-o com o sentido mais humano que se pode traduzir a profissão de médico. Fala-se em projeto de vida e mesmo projeto de felicidade, porque a ela devemos estar afeitos por tudo que é bom, belo e supremo. Devo resgatar, neste momento tão significativo, um pouco da minha trajetória, permitam os senhores que assim eu o faça. Eu não sei de onde o nosso querido amigo Pedro Américo Leal, além, é claro, do nosso propositor, tirou as informações a meu respeito. Ele pegou não sei da onde, ele é uma raposa e acabou roubando muitas coisas que eu iria dizer, como o discurso está feito, vou ter que repetir, não é?

Quando cheguei pela primeira vez em Porto Alegre, com vinte anos, não consegui, inicialmente, uma colocação que permitisse o meu sustento. Lembro-me de que, quando retornei pela primeira vez a Roca Sales, minha terra natal, fiz um trato comigo, daqueles celebrados com o coração: “Algum dia eu serei necessário a esta Cidade e nela eu poderei trabalhar.” Eu queria somente um lugar, porque na primeira tentativa, não consegui. Então, fui para Roca Sales, na minha querida Linha Júlio de Castilhos, onde nasci, cujo povo todo veio hoje, aqui. Meses após, com a mesma idade - vinte anos -, eu persisti. Dessa vez, eu consegui uma colocação, na Voluntários da Pátria, como colocador e montador de bicicletas. Eu era auxiliar de uma pessoa possante - “dias atrás, estivemos na Ilha do Chipre”, então percebi por que ele era possante -, um grego atarracado, forte, realmente um grego legítimo. Esse grego me ensinou os macetes de montar uma bicicleta rapidamente. Mas lá, em Roca Sales, eu tinha uma Monark, então, a coisa que eu mais sabia era manusear uma bicicleta. Montava as bicicletas e as encaixava com rapidez, e a Mesbla, na época, quando se atingia uma certa produção, nos liberava. A produção era grande e, igualmente, havia uma folga maior com essa produção. No tempo livre, eu procurava uma colocação em outras casas, porque eu estudava à noite, no colégio, e ia para as aulas com as mãos sujas. Eu sonhava, realmente, em trabalhar num escritório. Mas nem sonhava em conseguir um emprego como datilógrafo do Sulbanco, agência localizada na Av. Farrapos. Esse foi o meu primeiro emprego.

Eu fui meio cabeçudo, determinado, e fui galgando posições. Trabalhei no Banco do Estado do Rio Grande do Sul, através de concurso, na Agência Matriz; passei para a Secretaria da Saúde, para a Agricultura. Em 1965, prestei concurso para auxiliar de portaria da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Na época, era Presidente nosso querido amigo Solano Borges. Mas o objetivo principal era a conclusão do ensino secundário, cursando o Emílio Meyer, no Bairro Glória.

Faço um parêntese de saudades para lembrar dos bondes que me levavam, após o expediente bancário. Aqueles bondes poéticos, uma coisa linda! Eu penso que ainda vai chegar um Vereador que vai repor as principais linhas. Eu tenho certeza de que haverá um Vereador que irá propor que os bondes, nas suas principais vias, tipo Teresópolis, Menino Deus, Glória, deverão retornar, como era originalmente.

Esse parêntese de saudade é um indício da sedução da Cidade ao seu apaixonado e seduzido morador, que se manifestava, como se manifestou, de tantas outras formas. É a inserção, pela inquietação do conhecimento, do crescimento na busca das respostas interiores, do encontro de amigos e de parceiros, de um cidadão com a sua Cidade amada. Mas era preciso decidir pela profissão de médico, que se manifestava.

Durante a vida acadêmica, muitas oportunidades de convívio, serviço e crescimento. No segundo ano de Medicina, o eco se manifestava na enfermaria 13 da Santa Casa, sob a supervisão do recém-falecido Dr. Aldo Giudice Cianco e do Dr. Rodolfo Merckzeit, que foram os meus introdutores na cirurgia geral, tendo, como castigo, o fato de antes de fazer cirurgia, tínhamos de ser anestesistas - atuei muito como anestesista do Dr. Nilton Helter no tempo de estudante. Passei pela dermatologia, sob a orientação dos Professores Clóvis Bopp e Cezar Bernardi. Em 1973, nós formamos um serviço de cirurgia de cabeça e pescoço no Hospital Santa Rita, sob a orientação do hoje consagrado Dr. Nilton Helter, aqui presente, a quem eu devo muito da minha formação.

Não devo, de qualquer maneira, alongar-me numa exposição de riqueza de experiências que tive a oportunidade de vivenciar. Mas devo fazer um registro especial de agradecimento e referência aos médicos Pedro Martins, José Francisco Weschler, Prof. Antônio Costa Estima, Prof. Ivo Pitanguy, e do intercâmbio com as Universidades de Munique. Os conhecimentos adquiridos e praticados durante toda a vida profissional são o espelho desses contatos e intercâmbios oportunizados pelo exercício da Medicina, que fica, assim, enriquecida.

Destaco, neste momento para mim extremamente solene e honroso, a gratidão que tenho pela minha família. A trajetória até aqui desenrolada tem o fundamental apoio das pessoas que amo. Meus filhos, Günter, Max e Luciana; meus irmãos Hélio e Gerson e, igualmente, a Zélia, ensejadora da educação exemplar de meus filhos, que tanto me orgulham. Da mesma forma, o trabalho incansável de minha equipe; a presença amiga daqueles com quem convivi na Secretaria da Saúde, da Agricultura, da Assembléia Legislativa, do Banco do Estado e de tantos lugares. A todos agradeço e abraço, fraternalmente, dividindo um pouco desta conquista que me passa a ser tão cara.

Digo a todos, enamorado eterno que sou de nossa Capital maravilhosa e cosmopolita, que a mesma sensação de orgulho em representá-la quando coordenando clínicas de cirurgia plástica, quer na Áustria ou na Alemanha, se transforma em aperto no coração e encantamento de retornar às ruas, às praças e ao pôr-do-sol desta Porto Alegre.

E, assim, hoje aqui estou, desvestido, na alma, de toda e qualquer vaidade, de toda e qualquer pretensão que não seja virtuosa, para receber, com as mãos postas e o coração aberto, este símbolo maior de um povo valoroso e exemplar: o povo da nossa querida Porto Alegre, aqui representado pelo seu Poder Legislativo.

O reconhecimento, ainda que não deixemos transparecer, por força de nossa valores, é, um última instância, o que silenciosamente buscamos quando nos envolvemos em missões como a que abracei e abraço, integrando-me com a comunidade. Ele ressignifica o sentido de servir, emprestando àquilo que, para nós é, acima de tudo, um dever.

Finalizando, e estendendo esta homenagem a todos aqui presentes, tomo a liberdade de transcrever duas mensagens que recebi neste dia. Elas, simbolizando igualmente tantas outras que me são caras, destacam o valor e a grandeza especial deste título: (Lê.) “Ser cidadão de uma cidade é como ser dono de um mundo cheio de emoções, onde a principal conquista é amar a todos, sem distinção. É como descobrir o brilho da vida em cada coração, em cada gesto, seja num simples sorriso ou na dor mais dolorida. É demais Porto Alegre com você.”

Porque devemos celebrar, convido a todos para, após este evento, nos encontrarmos no Galpão Crioulo do Parque da Harmonia.

Obrigado, meus amigos! Obrigado a mui leal e valerosa Cidade de Porto Alegre! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos, também, registrar a presença do nosso amigo Raul Moreau, que está aqui prestigiando esta Sessão.

Neste momento, agradecemos ao Ver. Nereu D’Avila, que propiciou este encontro dos roca-salenses. Que eu possa também, como o Dr. Nelson, recordar o passado, lembrar que Roca Sales existe.

Portanto, um abraço aos amigos de Roca Sales. Tenho o maior carinho pelo tempo de dez anos que passei naquela cidade, na minha infância, onde eu corria, jogava bola e nadava no rio Taquari. Obrigado, Ver. Nereu D’Avila, por este momento de recordação.

Neste momento, finalizando esta Sessão, convidamos todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h33min.)

 

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